As mentes criminosas e a nossa pirâmide social

24/09/2013 19:14

As mentes criminosas e a nossa pirâmide social

Profº Dermeval Corrêa de Andrade

A Psicologia da Ideologia traz algumas explicações essenciais sobre as atividades criminosas e como os personagens se distribuem pelas classes sociais.

O criminoso profissional violento não vê como delito sua conduta.

Sua família e outros que o cercam também não vêem como imoral ou danosa; apesar de todos serem tementes a Deus e se dizerem “cristãos”. Há exceções, porém não significativas.

Esse modo de ver o mundo é aceito principalmente diante do poder e do acúmulo de bens materiais que, de outra forma, não conseguiriam.

É como se os fins justificassem os meios. Neste ponto já podemos separar os chamados “pés-de-chinelo” dos líderes. Os primeiros não participam dessa isenção, porque, afinal de contas, também aí fracassaram. Em nossa sociedade, não ganhar dinheiro é visto como fracasso.

Os líderes, esses sim, são invejados porque conseguem o que querem, porém são marginalizados no espaço urbano; não tem o direito de ir e vir. Apesar de serem os ordenadores intelectuais, eles vem da pobreza e não serão perdoados. Mesmo fora das grades, estão circunscritos  a uma faixa estreita para se movimentarem. São bichos acuados e mantenedores do discurso-verdade do crime, reproduzindo suas ideologias para os mais jovens e candidatos ao crime, atraídos pelo poder e pela “adrenalina”.

Passemos então do serviço braçal e arriscado para o intelectual. Bem, aqui tudo muda. Se os indivíduos forem pegos em crime, principalmente contra a coisa pública e se punidos pela justiça, sabem que ficarão numa cela separada; afinal, se estudaram nas grandes universidades

 

brasileiras e freqüentam os melhores restaurantes (nacionais e internacionais)  não podem misturar-se com a ralé.

Durante os julgamentos, tem a defesa nas mãos dos mais hábeis advogados, podem inclusive questionar os juizes do Superior Tribunal Federal; pois o partido ou congregação religiosa, irá defendê-los diante da opinião pública. A lei só ameaça mesmo o pobre. O rico é sempre “inocente” no dizer da família, e dos amigos. Tudo é também muito natural.

Nos últimos 30 anos, houve uma enorme expansão de crimes e criminosos no País, incentivados ora pela pobreza, ora pela frouxidão da lei e da moral, mas todos se distribuíram pela nossa perversa pirâmide social, que se mantém pela força econômica dos poderosos conservadores, pela traição dos políticos (antes ditos socialistas) e pela ideologia dominante. Todas juntas minam a qualidade de nossa educação, nossa saúde, nossa cultura e até consomem quilômetros de estrada e metrô que são também direitos inalienáveis do nosso povo.

Afinal, os benefícios da 6ª economia mundial não chegam devidamente aos baixos estamentos sociais, devido às ações criminosas legais e ilegais que, enquanto atuam, podem dar à nossa juventude a ilusão de que o crime compensa.

Não se esqueçam, essa pirâmide se mantém pelo ordenamento legal e ilegal da sociedade injusta, onde a distância entre os mais ricos e os mais pobres é também criminosa, porém justificada pela ideologia dominante que, afinal, alinhava o tecido social.

 

* Dermeval Corrêa de Andradepsicólogo, formulador da Psicologia da Ideologia, consultor de Estratégias Humanitárias, é hoje um dos científicos em ação no cenário internacional que interferem de maneira inconfundível na ciência e na cultura, buscando colocá-las a serviço da construção da autêntica cidadania para todos.