12/06 - Chapetuba Futebol Clube, no Centro Cultural Arte em Construção
12/06/2010 19:00Chapetuba Futebol Clube
Primeiro texto de Oduvaldo Vianna Filho, Vianinha, a ser montado e que teve sua estreia no Teatro de Arena em 1959. Considerada histórica, foi dirigida por Augusto Boal, tendo inclusive o próprio Vianinha como ator, no papel de Paulinho. A montagem atual é dirigida por José Renato, um autêntico homem de Teatro, que traz novamente as reflexões sobre o comportamento do homem tendo o futebol como pano de fundo.
Para mostrar as diferenças de caráter diante de circunstâncias da vida, cada qual com o seu ponto de vista e universos particulares, Chapetuba Futebol Clube foi remontado em 2008 com apoio da Fundação Nacional das Artes, Funarte, como parte integrante das comemorações de re-inauguração do Teatro de Arena, posteriormente, Teatro de Arena Eugênio Kusnet.
Vianninha coloca em cena um pequeno time de futebol do interior, que mostra seus jogadores hospedados numa pequena pensão onde ficam concentrados antes dos jogos e convivendo juntos. Chapetuba faz parte da segunda divisão de profissionais e anseia subir para a primeira. Às vésperas da partida decisiva, onde jogará com o adversário Saboeiro, surgem indícios de negociação e manipulação do resultado em um verdadeiro turbilhão de acontecimentos.
Sobre o espetáculo
Primeiro teatro da América do Sul a ser criado em formato circular, onde o objetivo era o de baratear custos de produção de espetáculos e, além disso, o mais importante objetivo, o de priorizar a dramaturgia, a relação dos atores e a real conexão com a plateia, onde tudo era muito próximo, “intimizando” a relação obra-observador trazendo o espectador como “cúmplice” do que estava sendo visto de uma maneira muito mais aproximada. Fundado pelo Diretor, então formando da primeira turma da Escola de Arte Dramática, a EAD, José Renato, foi importante centro de discussão de rumos para o fazer teatral nacional com montagens históricas, tal como “Eles Não Usam Black-Tie”, um verdadeiro marco da cena teatral contemporânea brasileira, em cartaz por muito tempo sempre com êxito de público, além de muitas outras montagens, sendo um verdadeiro centralizador de definições e apontador de caminhos para um Teatro genuinamente brasileiro, da “gema”.
Essa não é uma obra sobre futebol apenas, mas é sobre tudo o que o move, o que o comove, suas emoções. É uma obra que discute temas que merecem demasiada e extrema reflexão e alerta: corrupção, não somente no esporte, mas na sociedade em geral, no sistema; diferença de caráter; diferença de sonhos e objetivos em comum ou individuais; diferença de personalidade; relação de amizade e companheirismo versus hipocrisia e falta de vontade; ideais e ideologias; noção de conjunto etc. Ou seja, o espetáculo não destina-se somente a mostrar o futebol como evento, mas utiliza-se dele como pano de fundo para mostrar muitas outras questões; verdadeiras feridas no seio do sistema.
Em meio ao turbilhão de sentimentos e interesses, o sonho coletivo parece desmanchar-se em função de benefícios individuais, mostrando diferenças de caráter diante de certas circunstâncias. De um lado, um jogador extremamente sonhador, ingênuo, que acredita na bondade do ser humano acima de qualquer suspeita, que acredita na vitória, sem sombras de dúvida; de outro, um goleiro extremamente experiente e mais velho, endividado, cansado, que se vende no último momento fingindo mais uma contusão.
O espetáculo vai dissecando o universo humano em todas as suas minúcias, com textos rápidos, frases marcantes, montando sobre estruturas de um teatro circular, no formato de arena, muito próximo ao público, tendo com base de proposta de encenação e trabalho de interpretação, o realismo.
Ficha Técnica
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato
Elenco: Fábio Pinheiro, Pedro Monticelli, Fernando Prata, Flávio Kenna, Luiz Fernando Albertoni, Fernanda Sanches, João Ribeiro, Emerson Natividade, Vinícius Meloni e Álvaro Gomes
Produção geral: Fábio Pinheiro
Produção: Alexandre Sampaio
Assistente de Direção e Produção: Elis Meneses
Operador de Som e Luz: Marcelo Hessel
Com o Centro Cultural Arte em Construção, o grupo tem criado importantes vínculos que possibilitam e valorizam a cultura no dia-a-dia do bairro; formou e forma uma rede de moradores (jovens, crianças e seus familiares) que se envolvem diretamente no processo artístico e comunitário; além de acompanhar a programação artística que acontecem aos finais de semana. Por ano, mais de trinta mil pessoas circulam pelo espaço.
SERVIÇO