Ativistas lotam Câmara para seminário sobre reciclagem

03/06/2010 14:49

Ativistas lotam Câmara

para seminário sobre reciclagem



A pressão social em São Paulo em favor da reciclagem cresce a cada dia que passa. Na sexta-feira passada ela se fez ouvir na Câmara dos Vereadores de São Paulo, local que abrigou o seminário “Reciclagem: metodologias sustentáveis para os resíduos e a inclusão social”. Os cerca de 350 participantes lotaram o auditório Prestes Maia – o que obrigou a mudança do local para o Salão Nobre da Casa. 


Roberto Laureano, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis faz questionamentos a Silvia Regina Gonçalves, do Ministério do Meio Ambiente

Entre os palestrantes estavam especialistas, gestores e representantes de movimentos sociais e de organizações da sociedade civil. Vereadores da oposição também participaram – nenhum represente de alto escalão da administração municipal compareceu. No final do ano passado, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, participou de um seminário, também na Câmara, em prol dos incineradores. O método, porém, foi duramente criticado pelos debatedores presentes no evento desta sexta-feira. Segundo eles, a incineração gera um grande prejuízo ambiental, além de concorrer com a reciclagem – e, portanto, com a geração de empregos e com as formas de combate à pobreza.

Mais do que um grande erro social, a opção de escolher a incineração em detrimento da reciclagem contribui para reforçar o quadro de perda econômica para o país. Segundo estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o país deixa de gerar cerca de R$ 8 bilhões de reais por ano por não adotar uma política mais eficiente de reciclagem, que, com a inclusão de catadores, geraria milhares de empregos em todo o país. 


Cerca de 350 pessoas lotaram o Salão Nobre da Câmara dos Vereadores

Esse foi um dos aspectos ressaltados pela geógrafa Jutta Gubberlet, professora da Universidade de Victoria (Canadá) e especialista do projeto Coleta Seletiva Brasil-Canadá. Segundo um estudo que ela expôs durante sua apresentação. No caso dos EUA, para cada 10 mil toneladas de resíduos sólidos destinados para reciclagem, cerca de 650 empregos são gerados. Com a incineração, apenas 1 posto é gerado para a mesma quantidade de lixo queimado.

Outra solução possível apresentada é o do reator de biodigestão anaeróbia de resíduos. Essa tecnologia, exposta tanto durante apresentação  do físico Fernando Luciano Merli do Amaral, quanto da bioquímica do IPCC Sônia Vieira, pode ser uma alternativa para a gestão de resíduos sólidos orgânicos, que perfazem a maior parte dos resíduos sólidos domésticos produzidos. Segundo os especialistas, a adoção dos reatores permitiria a queima integral do metano produzido pelo lixo, reduzindo assim o impacto do gás de efeito estufa mais de 20 vezes mais prejudicial do que o CO2. 



Elisabeth Grimberg, coordenadora de Ambiente Urbano do Instituto Pólis, expõe argumentos contra a incineração

 

Fonte: Instituto Pólis