Novamente - A Compulsão do Jovem pela Internet

12/11/2012 14:53

Novamente - A Compulsão do Jovem pela Internet

Tania Melo/JB

 

nullA discussão em torno do acesso das crianças e adolescentes à Internet continua.

1ª Pergunta: Até que ponto devemos tirar a liberdade dos nossos filhos de acesso livre a um computador que fica em sua casa, às vezes em seu próprio quarto. Resposta: Até o ponto de podermos explicar pra ele e até o ponto dele conseguir entender os riscos do mau uso dessa ferramenta.

2ª Pergunta: Uma criança de 7 ou 8 anos tem facilidade de entender isso? Resposta: Não. Então, está certo quem fez aquela pergunta. Porque uma criança pequena tem que ter acesso ao Orkut e outros sites de relacionamento? NÃO TEM.

Se dávamos, e continuamos dando mais do que nunca, limites aos nossos filhos para falar com estranhos, nas ruas, na vizinhança, antes da existência do mundo da Internet, porque vamos dar essa liberdade toda agora? Aí você diz: é que o mundo mudou... Novamente o mundo do consumo nos pegando pelo pé. Nesse particular meu amigo e minha amiga nós não podemos deixar o mundo mudar. Criança não tem que estar sozinha num computador viajando pela Internet conversando com estranhos. Acesso à Internet sem a devida vigilância de um adulto, não pode. Ponto. Simples assim.

Nossa personalidade vai sendo construída ao longo da infância. Há um corpo biológico, um corpo psíquico, composto especialmente pelas experiências infantis, e um corpo social que constroem o todo do nosso aparelho psíquico. E essa personalidade pode se estruturar com um transtorno. Ansiedade, nervosismo, tensão e uma vontade incontrolável de saciar o desejo, sem medir conseqüências. A compulsão. A irresistível impossibilidade de controlar os impulsos.

Compulsão é um comportamento ou ato mental repetitivo que leva a pessoa a agir em resposta a uma obsessão, ou seja, um pensamento ou idéia que invade a consciência de forma repetitiva, persistente e estereotipada.

Uma das compulsões mais conhecidas tem o sexo como objeto do desejo. Há muito pouco tempo, quando o menino começava a adolescer pedia ao pai ou a um adulto em quem confiasse para comprar a revista Playboy ou outra do gênero pra ele. Esse menino matava a curiosidade, trocava algumas experiências e passava a olhar a revista com menos curiosidade. Mas os meninos COMPULSIVOS eram diferentes. Ele começava a dedicar cada vez mais tempo à busca pela revista Playboy e perdia a noção do prejuízo que essa atitude causava à sua vida e das pessoas à sua volta. Passava a se fixar compulsivamente à busca do prazer na leitura da revista. Todas as outras atividades deixavam de ter importância.

O ideal é que consigamos construir uma personalidade plástica, que invista desejo em várias atividades humanas. De algum modo, uma personalidade que se formou compulsiva irá buscar uma forma de exercer sua compulsão; quer seja na busca pela revista que o faz ter acesso ao seu erotismo, na busca por um corpo perfeito, no excesso de trabalho (os workholics), na compulsão por comprar, nas manias por sexo, no vício do jogo, no excesso de submissão à TV, na dependência das drogas, na malhação exagerada ou em qualquer lugar em que o sujeito possa fixar sua energia psíquica.

Um compulsivo não consegue desligar o computador para cumprir compromissos ou mesmo procurar outras formas de ocupar seu tempo.

Estamos falando em construção de personalidade. Penso que a preocupação que se tem que ter é: percebendo um comportamento estranho no lidar com a Internet, reconhecer isso e tratar, na criança ou no jovem que está em desenvolvimento, sua INCAPACIDADE DE CONTROLE DE IMPULSOS, que está intimamente ligada a um tipo de compulsão e vai criar a dificuldade de usar a Internet com critério. Deixando de viver uma vida plena.

Penso que não está surgindo um NOVO TRANSTORNO. Eu já expressei essa minha opinião por aqui, mas vale a pena repetir.