Realizado o II Seminário Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo

16/08/2011 12:15

II Seminário Nacional de Enfrentamento

ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo

 
 
 
   


Tatiana Félix/Adital *

 

De 11 a 13 de agosto ocorreu o  II Seminário Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo, em Brasília, Distrito Federal, em uma cerimônia marcada por preces e compromissos de religiosos e religiosas que atuam com essa problemática em várias partes do Brasil. O seminário contou com com debates, painéis, trocas de experiências, grupos de trabalho e outras atividades.

Promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ministério da Justiça (MJ) e pela Catholic Relief Services (CRS), tem o objetivo de compreender melhor o panorama atual do tráfico de pessoas no país, para identificar deficiências e fortalecer as ações desenvolvidas pelas pastorais no enfrentamento a esse problema de caráter transnacional. Além dos representantes da CNBB, também participam integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Rede Um Grito pela Vida.

Para os integrantes do setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB esse seminário ajudará a ‘avançar’ nos trabalhos pastorais já que levará os debates destas questões ‘polêmicas’, para dar mais visibilidade a essa problemática.

O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, um dos primeiros a falar, afirmou que é preciso "lutar pela dignidade de nossos irmãos e nossas irmãs" em situação de vulnerabilidade social que são explorados/as pelas redes do tráfico de pessoas.

Durante a abertura oficial do seminário, dom Enemézio Lazari, bispo de Balsas (MA) e membro da Comissão Episcopal para o serviço de caridade da Justiça e Paz da CNBB , também falou sobre a importância de se promover a ação em favor das pessoas mais vulneráveis. "São homens, mulheres e crianças que são vendidos para enriquecer pessoas sem escrúpulos", disse, explicando que por isso é necessário realizar um trabalho conjunto entre atores de diferentes organizações sociais ou religiosas no enfrentamento à rede organizada do tráfico humano.

Para a representante da CRS, Rogenir Almeida Santos Costa, esse evento servirá também para discutir políticas em conjunto, em um espaço de diálogo que visa integrar e unir esforços no combate ao trabalho escravo e tráfico de seres humanos. Ela fez um alerta para o fato de que a condição de vulnerabilidade social de uma parcela da população compromete a dignidade dessas pessoas.

Tráfico de Seres Humanos

"A Europa é o sonho de quase toda esta gente. Duas formas de viajar estão muito presentes: ou se vai pagando em euros ou se paga com a vida. E o que se traz nessa bagagem são lembranças ou feridas". Usando esta citação de Adriana, uma vítima do tráfico e hoje integrante do Coletivo Mulher Vida, os organizadores do seminário explicaram de maneira geral, como, muitas vezes, acontece o crime do comércio de vidas humanas.

Neste sentido, o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, que também esteve presente na solenidade de abertura do evento, ressaltou aos participantes que "se não tivermos compromisso com as tarefas políticas e sociais e se não dermos visibilidade às vítimas do tráfico de pessoas, não conseguiremos sensibilizar a sociedade e causar indignação social", já que, segundo eles, a maioria das vitimas destes crimes são "invisíveis" para a sociedade.

Também como exemplo de tráfico e exploração de pessoas, o secretário citou a prática comum no Brasil de se recrutar meninas e meninos de cidades mais pobres do país para trabalharem em casas de famílias da classe média. Ele garantiu que muitos destes casos são de tráfico de pessoas.

Finalizando a cerimônia, foi apresentado o CD ‘Um grito pela vida’ que reúne canções que retratam as temáticas do tráfico e do trabalho escravo. Segurando um copo de café, dom Pedro incentivou a plateia a refletir se por trás daqueles produtos não estariam frutos do trabalho escravo. "Será que não estou consumindo, comendo e bebendo um fruto do trabalho escravo?", questionou.