Uganda adia votação de lei que prevê pena de morte aos homossexuais

16/05/2011 18:35

 Uganda adia votação de lei que prevê pena de morte aos homossexuais

RIO - A votação da lei que determina a pena de morte para gays e lésbicas em Uganda foi mais uma vez adiada, nesta sexta-feira, durante uma sessão parlamentar.

O Presidente do Parlamento, Edward Ssekandi, disse que não havia tempo suficiente para discutir sobre o projeto de lei.

 

Ativistas que são contra a lei homofóbica temem que esta seja uma oportunidade para o governo de julgar as pessoas sem fatos concretos.

- Se for aprovada, vão poder usar a lei para plantar crimes terríveis contra as pessoas - disse Christopher Senyonjo, ativista dos direitos gays de Uganda, na saída do parlamento.

O debate já havia sido descartado na quarta-feira, após o clamor mundial contra a legislação. Uma nova sessão deve acontecer na próxima semana.

A homossexualidade já é considerada crime em Uganda e é punido atualmente com multas e prisão perpétua.

O movimento contra os homossexuais ganhou força no país quando o projeto de lei foi colocado em pauta em 2009.

Em março, o governo se recusou a debater o projeto por considerar que a legislação atual já continha sanções rigorosas para os homossexuais e também para portadores do vírus HIV.

Ciberativismo da Avaaz.org foi essencial

A lei homofóbica de Uganda caiu! Parecia que seria aprovada na semana passada, mas depois da petição com 1,6 milhão de assinaturas entregue ao parlamento, das dezenas de milhares de chamadas telefônicas para nossos governos, das centenas de reportagens na mídia sobre nossa campanha e de uma manifestação global massiva, os políticos ugandenses desistiram da lei! 

Estava prestes a ser aprovada -- extremistas religiosos tentaram aprovar a lei na quarta-feira, e então concordaram com uma sessão de emergência sem precedentes na sexta-feira. Mas a cada vez, no espaço de algumas horas, nós reagimos. Um enorme parabéns a todo mundo que assinou, ligou, encaminhou e doou para essa campanha -- com sua ajuda, milhares de pessoas inocentes na comunidade gay de Uganda não acordam nessa manhã enfrentando a execução apenas por causa de quem escolheram amar.

Frank Mugisha, um corajoso líder da comunidade gay em Uganda, enviou-nos essa mensagem: 

"Corajosos ativistas LGBT ugandenses e milhões de pessoas ao redor do mundo ficaram juntos e enfrentaram essa horrenda lei homofóbica. O apoio da comunidade global Avaaz pesou na balança para evitar que essa lei fosse adiante. A solidariedade global fez uma enorme diferença."

O Alto Representante da Secretaria de Negócios Estrangeiros da União Europeia também escreveu para a Avaaz:

"Muito obrigado. Como vocês sabem, em grande parte graças ao lobby intensivo e esforço combinado de vocês, de outros representantes da sociedade civil, da União Europeia e outros governos, mais nossa delegação e embaixadas no local, a lei não foi apresentada ao parlamento esta manhã."

Essa luta não acabou. Os extremistas por trás dessa lei podem tentar novamente dentro de apenas 18 meses. Mas essa é a segunda vez que ajudamos a derrubar essa lei, e nós vamos continuar até que os propagadores do ódio desistam. 

Transformar as causas mais profundas da ignorância e do ódio por trás da homofobia é uma batalha histórica e de longo prazo, uma das grandes causas da nossa geração. Mas Uganda tornou-se uma linha de frente nessa batalha, e um símbolo poderoso. A vitória lá ecoa através de muitos outros lugares em que a esperança é extremamente necessária, mostrando que bondade, amor, tolerância e respeito podem derrotar ódio e ignorância. Novamente, um enorme obrigado a todos que tornaram isso possível.

Ricken, Emma, Iain, Alice, Giulia, Saloni e toda a equipe Avaaz. Fonte- 
O Globo/Avaaz